“Divera, esses meninos só ficam brigando com os zanzotos.”
“Vai banhar cedo porque essa noite vamos ter que ribuçar.”
“Esses meninos vivem de cunlundrio na rodagem.”
As frases acima são compostas de expressões comuns na cultura de Rubim e região. Estigmatizado como uma região de extrema pobreza e esquecido pelo poder público, a cultura do Vale do Jequitinhonha vem se sobressaindo aos paradigmas e se mostrando muito rica a estudiosos da comunicação Social. No mês passado a professora Caroline Antunes lançou o DICIONÁRIO DO DIALETO RURAL NO VALE DO JEQUITINHONHA na UFMG, em Belo Horizonte.
A obra é resultado de estudo do vocabulário da língua falada na zona rural de municípios do Vale do Jequitinhonha, desenvolvido a partir da coleta de dados feita no período entre 1980 e 2000, sob a coordenação de Carolina Antunes, professora aposentada da Fale. Alguns verbetes foram recolhidos em conversas com a população rural, em mercados e feiras; outros, extraídos de estudos sobre o Vale. Na tentativa de equilibrar a presença de todas as regiões do Jequitinhonha, foram necessários mais de dez anos para chegar ao produto final. De acordo com Carolina Antunes, a pesquisa considerou também dicionários da língua portuguesa, um conjunto de glossários de outras regiões do país, além de pesquisas afins.
Com mais de mil verbetes, o dicionário não se limita a dar o significado da palavra; ele contempla também todas as informações importantes à compreensão de cada verbete: traz o léxico, apresenta em negrito a forma como é pronunciada no Vale do Jequitinhonha, informa se está ou não dicionarizado, se é datado e se há informação quanto à etimologia.
Tem algumas palavras faladas no Vale do Jequitinhonha que lembram o idioma espanhol, como por exemplo, “entonces”. É comum na região o uso desta palavra em lugar de então.
Assim também a expressão “capaz que”. Por exemplo, é capaz que amanhã eu vou em Almenara. Essa mesma expressão (e com o mesmo significado) eu ouvi na Argentina, quando estive lá na província de Córdoba, na zona rural.
Eu gostaria de saber se a Caroline registrou mais alguns exemplos deste tipo no seu dicionário.
Conheci um filósofo que dizia ter existido no Vale uma antiga civilização pre-colombiana e estes estudos linguísticos poderiam lançar alguma luz sobre isto.
Fraterno abraço. Ivanilson (Pingo), de Rubim.
Muito interessante, acabei de assistir a reportagem. Parabéns a professora.
Adoooorooooooooooooooooooh
Ivanilson acabei de saber desse dicionário, eu tinha proposto um projeto parecido a minha irmã já a alguns anos, vou procura-lo amanhã mesmo…quanto ao espanhol acho que faz sentido, tem outras expressões como “enriba”, encima…bjs ..Parabéns a autora. Detinha, também de Rubim.